"Usufrua o amor e a culinária com abandono total"
Dalai Lama

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Mangericão

Confesso que adoro o Manjericão.
De aroma forte e sabor agradável, as folhas são rasgadas com os dedos e acrescentadas a saladas ou a pratos quentes, no último momento.
O Manjericão é óptimo com tomate e complementa bem com o alho – aliás, em conjunto com este faz-se o molho Pesto.
Cultiva-se em solo bem drenado e húmido, de incidência solar média e abrigado do vento e do sol forte. Se não houver paciência para esperar, uma excelente opção é comprar um vaso de Manjericão no supermercado. Deve ser regado apenas quando as folhas começam a murchar ligeiramente. Dão-se muito bem nos parapeitos das janelas.
Se quisermos conservar as folhas do Manjericão, podemos congelá-las, mas antes devemos pincelá-las com azeite. Também podemos aromatizar vinagre, adicionando-lhe folhas.
Para mim, o Manjericão é o rei das ervas culinárias, porque é verdadeiramente aromático e faz parte da cozinha mediterrânica, especialmente a Italiana – da qual eu sou fervorosa devota…  a Lasanha, por exemplo,  é para mim uma espécie de divindade.

Ervaçal

As ervas têm sido utilizadas na culinária desde tempos imemoriais. O primeiro registo escrito data do séc. I, pelo romano Apicius.

Por si só ou misturadas, as ervas têm feito parte do dia-a-dia, sendo utilizadas as folhas, flores, caules e raízes, cada uma com uma função específica.

Essa especificidade levou a que se dividisse em várias categorias, como as ervas aromáticas e as ervas medicinais (fiquemo-nos por essas duas, as mais populares e politicamente correctas).

A maior parte das ervas são facilmente cultiváveis em casa, e de manutenção relativamente simples. Contudo, nem todas devem ser regadas à mesma hora ou com a mesma quantidade de água – embora por estes lados persista uma teimosia em ignorar esses sábios conselhos

Investir numa pequena estufa proporciona satisfação a todos os níveis, desde a terapia ocupacional ao prazer de colher ervas cultivadas por nós, verdadeiramente biológicas!!

Aqui em casa, são cultivadas várias  ervas de interesse culinário, mas numa primeira fase vou referir apenas o meu top 3: mangericão, tomilho-limão e coentros.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Trouxinhas de porco com alecrim e tomilho-limão

Sábado de chuva, está frio... Grrrrr, que feitiozinho soviético, Maria!
Não tenho vontade de saír de casa, aproxima-se a hora do almoço e, para não variar, recorro ao que tenho no frigorífico e na minha despensa minúscula. E saltam umas bifanas, mas com quê?
Inventa, Maria...
4 bifanas batidas/espalmadas
2 colheres sopa bacon picado
1 cebola picada
1 dente de alho picado
Raspa de meio limão
1 ovo batido
1 colher de sopa de tomate seco picado
1 colher de chá de alecrim fresco (folhas)
1 colher de chá de tomilho-limão (folhas)
Pão ralado

Azeite, sal e pimenta moída na hora

Robot de cozinha / picadora
Assadeira
Folha de alumínio
Tábua de corte
Faca e colheres (sopa e chá)
Cordel

Espalmam-se as bifanas com um maço de cozinha, entre dois pedaços de película aderente, e reservam-se.
No robot de cozinha misturam-se os restantes ingredientes, adicionando mais pão ralado se for preciso.
A mistura deve ter uma consistência tipo almôndega. Dividir em quantidades iguais ao nº de bifanas, neste caso 4 partes.
Com as bifanas prontas, colocar recheio numa ponta e enrolar. Depois, atar com 3 pedaços de cordel, para manter a forma.
Esfregar os rolos com azeite, sal e pimenta, e levar ao forno a 180º, coberto com folha de alumínio, por 15 minutos. Passado este tempo, retirar o alumínio e deixar assar mais 5 minutos, até se obter uma cor dourada.

Servi com abóbora, assada na mesma assadeira – ao mesmo tempo, para não se sentirem sozinhos ;)
Uma salada verde a complementar, e temos muita cor no prato.
Assim o dia já não fica tão cinzento.

Ehe - Eh - querem ver??? sim, é mesmo, um raiozinho de sol!!! Que bom!   :)

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Francesinhas!!


Eu - como boa lisboeta que detesta gente que quer ver a minha cidade a arder - sou daquelas pessoas que acha que uma das melhores coisas que o Porto tem é a A1 sentido Sul.
A outra coisa boa é esse grandioso monumento gastronómico nacional: a Francesinha.
Dizem que é inspirada numa tosta francesa, mas isso não me interessa. Porque neste caso, o resultado bate aos pontos a inspiração.

É minha firme convicção que é impossível não se gostar de francesinhas, e apesar das nuances que permite, são boas por todo o país. Das melhores que provei foram, por exemplo em Albufeira e na Figueira da Foz. Até recentemente era feliz no Alcochete-Jamais ( :p ) porque a 50 metros de casa havia um restaurante com umas fantásticas francesinhas. Fechou, mas felizmente consegui reproduzi-las, e até adaptá-ao meu gosto. E a primeira coisa que fiz foi ver-me livre do bife! Claro que o podem incluir, faz parte da receita original.

Eu faço-as assim: cada uma leva
3 fatias de pão (tipo panrico, bimbo... podem tostá-las um pouco para tornar as francesinhas mais crocantes)
8 fatias de queijo flamengo - para 4 francesinhas, comprem daqueles pacotes de 500gr
2 salsichas frescas, grelhadas e cortadas ao meio
fatias de paio de york / chourição à vontade do freguês
fiambre / bife (batido até ficar espalmado)

Empilho-as assim:
pão - fatia de queijo - salsichas - fatia de queijo - de pão - paio/chourição/fiambre/bife - fatia de queijo - pão - 4 fatias de queijo, dispostas de forma a cobrir a parte de cima, mas também parte dos lados. Assim, quando derreter, cobrem toda a francesinha.

Vão ao forno a 200º, num tabuleiro, sobre papel vegetal de cozinha, só para derreter o queijo - cuidado, mas muito cuidado para não deixar queimar - verifiquem ao fim de 5 minutos.

Empratam-se (eu ponho-as num prato de sopa) e reguem com o molho de francesinhas que já está aqui publicado.

Se acompanharem com uma imperial e batatas acabadas de fritar e polvilhadas com um pouco de sal grosso, não se assustem se vos escapar um "biba o Porto, carago!"


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Molho de Francesinhas



Confesso que gosto mais do molho que das francesinhas em si – estas podem ter seja lá o que for dentro, mas o molho…

Não é difícil de fazer, mas é preciso acertar nas quantidades de cada ingrediente se quisermos que fique mais ao nosso gosto – e gostos não se discutem…

(Nota: As quantidades aqui referidas são meramente indicativas. Aviso já que a minha medida é muitas vezes o “olhómetro”  - essa tremendamente fiável medida de capacidade :p )

Preparem-se que aqui vai:

Molho de Tomate – ver a receita no outro post, sff.
1 cerveja
1 caldo de carne
2 folhas de louro
1 cálice de Porto
½ copo de leite
Mostarda
Piri-piri q.b.
Maizena

Caçarola
Colher de pau (ou de melamina, whatever)

Ok – Tirando a Maizena e o leite, que se reserva para o fim, vai tudo para dentro da caçarola e ferver em lume brando. Retirar o louro ao fim de alguns minutos.
Vão provando, porque pode ser preciso rectificar os ingredientes. Geralmente carrego no molho inglês, mas cada um tem as suas preferências.
Com o molho ligado, está na altura de o espessar: mistura-se uma colher de sobremesa de maizena no leite frio e junta-se ao molho, mexendo sempre. Este vai imediatamente tornar-se mais consistente, e se acaso não conseguirem uma textura homogénea, então a varinha mágica torna-se a vossa melhor amiga.

Atenção: o molho só deve ser finalizado com a maizena imediatamente antes de servir, senão pode ficar grosso demais.

Que mais hei-de dizer? Sejam generosos quando regarem as francesinhas… nunca se faz molho a mais, acreditem!

Molho de Tomate

                         


Desculpem o desabafo, mas porque é que neste país à beira mar plantado continuamos a conformarmo-nos com o que há, quando podemos fazer o que não há - e que é muito melhor?

Aqui não se trata de polpa de tomate, nem de ketchup, nem daquelas porcarias engarrafadas que sabem a tudo menos a tomate (pardon my french).

Aqui trata-se de um molho de tomate como deve ser, e para o qual vamos precisar de:

Azeite
Cebola picada (1 média)
Alho picado (3/4 dentes)
1 lata grande de tomate em conserva (inteiros ou aos pedaços)
Sal e pimenta acabada de moer
Orégãos (1 pitada)
Mangericão (1 colher de sopa)

Caçarola
Colher de pau

O Mangericão deve ser rasgado com os dedos. Encontra-se facilmente em vasos, nos supermercados. Vale mesmo a pena, custam cerca de 1,50€. O mangericão é uma plantinha que se dá muito bem no parapeito da janela, é bonita e enche a cozinha com um cheirinho bom, a verde, a campo, a Itália (que saudades…).

Bem, começamos com o tradicional refogado: azeite, cebola e alho. Também se pode juntar uma folha de louro, que deve ser retirada ao fim de alguns (poucos) minutos. Não deixem queimar a cebola e muito menos o alho. Cinco minutos é o suficiente.

Juntamos então o tomate e os orégãos. Ferver por 10 minutos, retirar do fogão e temperar com o sal e a pimenta. Quando estiver morno junta-se o mangericão. Depois vai ao blender para liquidificar, ou então usa-se a varinha mágica.

E é isto! Eu uso frascos de vidro para guardar, no frigorífico, mas geralmente não dura muito tempo…

Mas não é por se estragar! É que o molho de tomate pode ser usado como base para muita, muita coisa boa. Assim de repente lembro-me de francesinhas. Havemos de lá ir…

Earl Grey Trio


Desta vez combinei o sorbet de laranja com gelatina do meu chá preferido, e iogurte grego batido. Fantástico! Mesmo mesmo!

Para o sorbet já sabem o que fazer, e o iogurte não tem segredos.

Para a gelatina precisamos da quantidade de líquido que quisermos (com ou sem açúcar), sendo que por cada 100 ml vamos juntar uma folha de gelatina (das embalagens pequenas, não daquelas super compridas).
Experimentem e depois digam-me … J



terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Sorbet de laranja

Em pleno Inverno apeteceu-me um geladinho, mas como estava muito frio para ir ao supermercado, decidi fazê-lo em casa.   
Hmmm, mas um gelado é demorado...   Já um belo de um sorvete (sorbet para as pessoas de nível :p ) é coisa simples, e requer pouco material.  Não há truques, basta seguir as indicações. Vamos a ele  :)
100 ml água
100 ml açúcar
100 ml sumo de laranja ou outro
100 gr queijo mascarpone 

caçarola/tachinho
recipiente para ir ao congelador
colher de pau
garfo

Começamos por fazer um xarope com a água e o açúcar. Deixa-se ferver por alguns minutos, até estar transparente. Aí, junta-se o sumo, mexe-se e retira-se do lume. Primeira fase cumprida!

Ao fim de uns 10/15 minutos é hora de incorporar o mascarpone. (Encontra-se, por exemplo, nos hipermercados cujo nome começa com "conti" e acaba em "nente".) Uma colher de sopa bem cheia corresponde mais ou menos aos 100 gramas. Mexer até estar bem dissolvido. Não vai ficar uniforme, mas é mesmo assim. Não se preocupem. Segunda parte cumprida!

Hora de ir para o congelador: verter o preparado no tal recipiente e ao fim de uma hora ver como está. Com o garfo, mexer para partir a camada congelada e homogeneizar. Faz-se isto de hora a hora. Leva entre 3 a 4 horas a estar pronto. E já está!

Não se assustem se verificarem, durante a congelação, que se formam camadas, com gelo em cima e líquido em baixo. Continuem a mexer com o garfo. Resultados garantidos!

Usem o sorvete como sobremesa, lanche, snack ou apenas porque sim!
Com um pouco de imaginação, pode também ser a base para outras experiências, e já estou a ver uma ...





segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Lasanha Portuguesa

Nitidamente, esta não é receita italiana... Essa vem nos pacotes de massa. Esta é baseada num dos colossos gastronómicos do nosso país. Apresento-vos a ...

                                 Lasagna de salsichas e couve lombarda


Achei que estava na altura de inovar um pouco a clássica salsicha enrolada com couve lombarda, por isso lá me pus a inventar, e saiu isto. E saiu muito bem!! Sim, a fotografia não está grande coisa porque a lasagna desmoronou-se - usem menos béchamel, ok?
 
Azeite ou margarina
Sal
Couve lombarda
Salsichas frescas (de peru)
Tomates cherry
Tomate seco, picado (opcional)
Geleia de malagueta ou tabasco
Tomilho-limão (fresco ou seco)
Pimenta moída na hora
Queijo flamengo fatiado
Queijo parmesão lascado na hora
Molho bechamel (caseiro ou em pacote)

Começa-se pelo mais desinteressante, que é obviamente o arranjar as folhas da couve. Há que as lavar e retirar o veio com uma faca. Não interessa se ficam bonitas, porque já a seguir vamos enrolá-las e cortá-las grosseiramente. Depois, panela com elas! A água já deve estar a ferver, com a quantidade de sal que acharem bem – cada um é como cada qual, mas cuidado com a hipertensão… 10 minutos, e escorre.

Entretanto, retira-se a pele às salsichas. Podemos ou não deixá-las com a forma original, à escolha. Aquece-se um fio de azeite numa frigideira e junta-se as salsichas, para as dourar ligeiramente. Assim que estiverem no ponto, juntar a geleia, o tomate seco (1 colher de sopa) e os tomates cherry – pode deitá-los inteiros ou espremê-los com a mão. Eu sou como o Jamie e a Nigella, prefiro usar as mãos :p

Adiciona-se pimenta moída na hora, sal a gosto e o tomilho: se for seco, uma colher de café; se for fresco, uma colher de sobremesa - só as folhas!

Numa assadeira com um pouco com azeite faz-se uma cama com a couve e deita-se por cima o conteúdo da frigideira. Cobrir com fatias de queijo flamengo e depois com o molho bechamel. Para finalizar cortam-se com um descascador lascas de queijo parmesão e colocam-se sobre o molho. Polvilha-se com mais tomilho e vai ao forno. Cuidado com o gratinar, não o deixem queimar!!!

Acompanhamento? Que tal uma salda de alface e acelga? Não é preciso arroz! Bebida? Isto é comida rústica, e como não percebo nada de vinhos – a não ser que gosto ou não gosto – recomendo uma Super Bock Stout.

A sobremesa fica para outras núpcias…

sábado, 12 de fevereiro de 2011

É pecado?

Segundo o Papa Gregório I e o egrégio S. Tomás de Aquino, o sexto pecado é a gula.

Gostava era de saber porque é que o prazer de comer é um pecado, e ainda por cima um pecado capital.
É que se for, certamente que toda a população mundial, independente das suas crenças religiosas, tem já lugar cativo no inferno.

Mas sejamos optimistas - a Bíblia está recheada de situações onde a comida é raínha, e, afinal, também Jesus tinha por hábito reunir-se com os seus apóstolos ao redor de uma mesa e partilhar uma refeição.

De facto, estar com os nossos amigos a petiscar é das melhores coisas desta vida - e da outra também, tenho a certeza.

Assim, deixo aqui sugestões para alguns petiscos que podem alimentar o proverbial sexto pecado mas fazer-nos sentir tudo menos arrependidos.